quinta-feira, 15 de março de 2007

Nova resposta a Pedro Santos

Caros amigos,

O nosso prezado consócio Pedro Santos colocou-nos mais uma pergunta, que passamos desde já a responder:
No seguimento da questão que lhe coloquei, gostava de fazer mais duas perguntas:
O que pretende fazer com a Quota Azul? Promovê-la? Substituir por uma idêntica? Acabar com essa quota? A segunda pergunta pode ou não estar directamente associada à questão anterior - O bilhete de época faz parte do seu projecto? Se sim, como?
Mais uma vez o meu agradecimento por permitir a nós sócios o esclarecimento que o nosso clube merece.

É com muito agrado que vemos que o nosso Clube tem pessoas muito válidas, que se preocupam constantemente com o seu futuro.

Antes de respondermos directamente às suas duas questões (que focam pontos importantes mas, no nosso entender, não são os pontos cruciais para termos mais espectadores no nosso Estádio), deixe-nos introduzir o seguinte:
O nosso Clube necessita, em primeiro lugar, de definir objectivos e de ter uma estratégia que assente num modelo de gestão inovador, dinâmico e, sobretudo, eficaz. Por outras palavras, não podemos andar à deriva e sem qualquer rumo. O nosso Belém está parado no tempo há muitos anos e infelizmente todos nos apercebemos desta triste realidade. Dou-lhe um exemplo muito simples e que está à vista de todos: o nosso cartão de sócio (cuja numeração não é actualizada há mais de uma década) não permite a implementação de qualquer modelo de gestão ligado às novas tecnologias. Inclusivamente, o modo como ainda hoje pagamos as nossas quotas é arcaico, já para não falar na dificuldade que temos para colá-la.
O Belenenses tem de se tornar num Clube moderno e inovador a curto prazo. A perda acentuada de sócios (principalmente nos últimos anos) não está ligada só aos maus resultados desportivos. Existe um conjunto de factores que contribuíram para a situação caótica em que nos encontramos actualmente. Poderíamos dar-lhe muitos exemplos, mas vamos focar aqui alguns relacionados com as nossas piscinas, que são uma fonte importantíssima de entrada de sócios no Clube. No início da corrente época (Outubro de 2006), a cobertura das duas piscinas mais pequenas que estão essencialmente destinadas a bebés e a crianças foi removida para ser substituída por uma nova. Esta demorou mais de um mês a ser fornecida. Durante este tempo, as duas piscinas estiveram descobertas e os bebés não puderam utilizar o chamado "chapinheiro"; já as crianças um pouco mais velhas tinham as suas aulas de natação na piscina olímpica, cuja temperatura da água é fria para elas e que, por isso mesmo, sentem-se desconfortáveis e ficam doentes. Aliás, antes de entrarem na piscina olímpica tinham de tomar duche ao frio e à chuva. Hoje muitas crianças reclamam que até a temperatura da água da piscina intermédia está fria. E isto sucede devido ao péssimo estado de conservação em que se encontra o equipamento. Esta situação originou que muitas crianças nem sequer se inscrevessem e ainda a que outras desistissem, optando por piscinas da concorrência.
Actualmente, em qualquer piscina com condições existe uma lista de espera para se conseguir colocar um bebé na natação. No nosso Clube a situação é exactamente a inversa: existem muitas aulas que não são rentáveis devido ao número reduzido de alunos. Este tipo de erros de gestão não podem acontecer e pagam-se muito caro. Deixamos uma pergunta: porque não se substitui a cobertura durante o encerramento das piscinas no mês de Agosto?
Para agravar mais esta situação, a cobertura da piscina olímpica caiu durante um vendaval, tendo esse facto sido fortemente noticiado nos media (incluindo a televisão). Felizmente as piscinas estavam praticamente vazias quando aconteceu o incidente, não tendo existido feridos. Não foi a primeira vez que a cobertura caiu e estas notícias contribuem sempre para degradar a imagem das nossas piscinas, o que leva a que muitas pessoas questionem a sua segurança.
Fazemos ainda outra questão: terá sido efectuado alguma vez um estudo para se decidir se as piscinas deverão ter um outro tipo de cobertura? Não nos podemos esquecer que agora existe uma maior oferta para a prática da natação na cidade de Lisboa (devido à abertura das piscinas Municipais), mas o Belenenses em vez de estar a modernizar as suas piscinas para oferecer um melhor serviço está a deixar que se degradem de dia para dia. Por exemplo, o estado em que se encontram os balneários é lamentável!
Hoje vivemos na era da globalização, onde tudo acontece muito depressa. Os clubes e, principalmente, os seus modelos de gestão não podem fugir desta realidade. O grande problema de hoje do nosso Clube é a forma como está ser gerido. Vejamos: a actual Direcção contratou recentemente o Senhor Javier Murugarren para fazer um trabalho de consultoria no Clube. Não criticamos esta medida porque também somos da opinião de que o Clube necessita de ser alvo de uma profunda consultoria, abrangendo diversas áreas. Porém, pensamos que seria muito mais eficaz contratar uma empresa especializada, devido às sinergias que se obtêm. Hoje, as grandes empresas multinacionais oferecem simultaneamente serviços de auditoria e consultoria, obtendo-se melhores resultados. Além disso, teria sido mais credível por parte da actual Direcção, nesta época de eleições, ter contratado uma auditoria às contas (que já não é efectuada há muitos anos) do que um serviço de consultoria muito focalizado e pouco abrangente. Isto não significa que o Senhor Javier Murugarren não seja um bom profissional e que, caso sejamos eleitos, não continuará a trabalhar para o Belenenses (até porque não olhamos a pessoas, a nomes e muito menos a quem as contratou, focamos as nossas decisões em competências e objectivos).
Já tivemos oportunidade de referir algumas medidas que iremos implementar para trazer mais espectadores ao nosso Estádio. Não é por se acabar com a Quota Azul ou modificar os seus moldes de funcionamento (implementar, como alternativa, um Bilhete de Época) que teremos mais espectadores no Restelo. Os sócios que aderiram à Quota Azul são sócios fiéis, que amam o Belenenses e que estão presentes na maioria dos jogos. Estes sócios pagariam o que fosse necessário para verem o Belém, são sócios que amam o Clube e que querem, acima de tudo, ajudá-lo.
Pode-se criar uma quota facultativa, com regalias associadas (conseguidas através de parcerias) que deverão ser superiores ao custo da própria quota. Estamos certos que hoje muitos sócios querem ajudar o Clube e que iriam aderir a esta alternativa. Também poderemos implementar o Kit de Sócio, criar a família Belenenses e/ou implementar o Bilhete de Época. Estas são decisões que têm de ser tomadas com base em estudos. Por isso, defendemos a necessidade de se realizar uma consultoria abrangente e focalizada em cada área essencial para o Belenenses. Estes estudos tem de conhecer, entre muitas outras variáveis, o perfil dos actuais e potenciais sócios do Belenenses. Porém, actualmente o nosso Clube não tem uma base de dados que permita, por exemplo, definir grupos de sócios com base nos seus perfis. É urgente criar-se esta base de dados. Deixamos novamente algumas perguntas: o Belenenses conhece os gostos dos seus sócios? Por exemplo, sabe se eles preferem assistir aos jogos ao domingo à tarde ou a um dia da semana à noite? O Belenenses tem o endereço de e-mail dos seus sócios, adeptos e simpatizantes? Poderíamos colocar uma infinidade de outras questões sobre a situação actual.
O que defendemos é uma política de coerência e de preços baixos, pois o que não pode acontecer é muitos sócios terem desistido do Clube porque é mais económico comprar bilhetes para os jogos do que ser sócio do Clube. É isso que nos empenharemos em mudar.
Queremos mais uma vez expressar o nosso agradecimento por ser um leitor participativo do nosso blog. Esperamos conhecê-lo pessoalmente na nossa Conferência de Imprensa.
Um abraço!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez, obrigado pela prontidão na resposta.

É até à data a unica candidatura que dá resposta aos sócios. Por isso o meu obrigado.

Cumprimentos,
Pedro Santos

Anónimo disse...

O bilhete de época tem uma vantagem considerável e um risco associado.
pegando no exemplo do bilhete de época do Sporting:
o bilhete de época é um bilhete que dá entrada a qualquer adepto no estádio em qualquer jogo (menos Taça de Portugal).
Se o senhor Antonio X comprar um bilhete de época e não puder ir a um jogo pode emprestá-lo ao amigo ou ao vizinho do lado, que entrará, mantendo um nível de público no estádio. Isto seria positivo se os bilhetes de época fossem vendidos a preços baixos e associados a uma forte campanha de promoção dos mesmos.
Os preços teriam de ser forçosamente baixos de modo a compensar.
Levanta-se, no entanto, outra questão. Como estabelecer um valor justo para bilhete de época atendendo a que os sócios pagam já bastante dinheiro por ano para o serem?
Compensaria mais ter bilhete de época do que ser sócio?
O ideal talvez fosse um bilhete de época que valesse o total das quotas e mais um euro ou dois euros por jogo. (isentando os sócios que o comprassem de pagamento de quotas durante o ano).
Os bilhetes de época vendidos para a Superior, por exemplo, poderiam custar menos do que de bancada central - de sócios - de modo a tentar encher também aquela bancada.
Um dos graves problemas do Belenenses é precisamente a falta de massa adepta nos jogos. Hà muitos belenenses adormecidos, e sócios adormecidos representam clube adormecido.
É melhor ter 10 mil pessoas no estádio a 1 euro do que 3 mil a 3 euros (com algumas a poderem levar amigos). As contas são simples.
Os resultados práticos evidentes.